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CAÇADA DE INTOLERÂNCIA: Uma investigação jornalística sobre a violência policial contra terreiros durante as buscas por Lázaro Barbosa

30 de setembro - O governo se posiciona?

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Foto: Secretário Paulo Roberto no seu gabinete em Brasília, durante encontro para entrevista dada a matéria.

 

Entre os dias de visitas da reportagem aos terreiros, representantes do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos também estavam no local. Na comitiva, estava o Secretário Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Paulo Roberto, que me convidou para uma conversa sobre os acontecimentos relatados pelos líderes religiosos. Em janeiro, o advogado assumiu o cargo e, desde então, vem propondo algumas mudanças e ações contra a intolerância religiosa. 


O secretário conta que crimes de intolerância religiosa, em grande maioria, tem um “baixo índice” de denúncias, muitos pelo fato de as vítimas acreditarem que não terá efetividade ou medos. No caso Lázaro, o volume de informação tornou o caso emblemático, que chegou aos ouvidos da Secretaria.


— O que precisamos reforçar é que não é um caso isolado, mas um dos exemplos de violência que acontece em todo o país. Por isso, estamos com uma ação nacional para combater, constitucionalmente, os atos de violência, diz o secretário.


A ação policial, como descrita por ele, não deve ser vista como uma ação de um grupo geral. Mas, como uma iniciativa isolada de agentes.


— Na rua, os agentes acabam representando a polícia e, por isso, indiretamente, acaba sendo a polícia. Mas, mesmo assim, eu não vejo como “a polícia é racista”, mas os agentes estão despreparados e devem ser aculturados.


Além de reforçar que uma força policial 100% livre de racismo, seja uma utopia. O Secretário diz que o dever é qualificar as pessoas para que não perpetuem crimes, que muitas vezes são praticados por ignorância. A intolerância religiosa, de forma simples, como explica o representante, é desrespeitar o deus, a fé e os artigos religiosos do outro. Na parte do despreparo, ele conta que, juntamente com o Ministério da Justiça, estão trabalhando para que agentes públicos, incluindo policiais, tenham mais preparação em campo e no trabalho.


— Acredito que trazer foco só para o Lázaro é diminuir o problema. A intolerância religiosa está bem pulverizada, é muito antiga, decorrente do racismo de considerar tudo que vem da Europa como bom e o que vem da matriz africana como do mal.          


Ao longo da conversa, questionei se o Governo Federal, em destaque o presidente, durante a manifestação da própria fé e declarações como a de que existe cristofobia no Brasil, no discurso da Organização das Nações Unidas (ONU), no dia 21 de setembro, poderiam, de alguma forma, causar receio em grupos religiosos de matrizes africanas em denunciar. Na ocasião, o presidente também declarou que o Brasil "é um país cristão e conservador e tem na família sua base". 


 “Temos muitos casos de situação de cristofobia no Brasil, como o que tivemos em um carnaval que utilizaram a imagem de cristo de forma pejorativa.  Quando falamos de cristões temos espíritas, católicos evangélicos e, por isso, a maior parte do país é cristã. Mas quando combatemos a intolerância em um ponto, estamos combatendo também em outras partes”, ressalta.

 

27 de setembro a 4 de novembro –  a Secretaria de Segurança Pública

 

No dia 27 de setembro de 2021, entrei em contato com a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) para conseguir uma declaração. Porém, no dia seguinte, como resposta, me informaram que a polícia do DF não estava ligada ao caso.


“Prezados, informamos que a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) não participou das diligências citadas nos questionamentos da solicitante. Na ocasião, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP/GO) assumiu a investigação do caso Lázaro. Dessa forma, sugerimos que a demanda seja direcionada às forças de segurança do Estado de Goiás. Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.”


 No dia 28 de setembro, entrei em contato com a SSP/GO, por e-mail e ligação, com o prazo de resposta até o dia 15 de outubro. Até esta data limite, não obtive resposta. Fiz mais três ligações para a assessoria de comunicação da SSP-GO, sem respostas até o dia 4 de novembro de 2021.

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Em casos de crimes de discriminação, agressão ou ofensas contra religiões, liturgias e cultos,

o Disque Direitos Humanos (Disque 100) atua como um “pronto socorro” dos direitos humanos e atende graves situações de violações. O serviço funciona diariamente, 24 horas, por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. As ligações podem ser feitas de todo o Brasil por meio de discagem direta e gratuita, de qualquer terminal telefônico fixo ou móvel, bastando discar 100.

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